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Astronauta

Lembrei agora do exato momento em que coloquei meus pés no mar e lentamente fui posicionando meu corpo inteiro pra dentro da água, tomando todas as porradas possíveis das ondas. Foi bom ter essa discussão reflexiva e silenciosa com a parte de mim que mora nas águas. Foi preciso me esvaziar. Foi preciso sair pelas portas que me foram escancaradas e entrar pelas frestas das janelas que eu mesma fechei - por medo de chover e molhar a casa que eu andava arrumando.

Mesmo assim, hoje choveu muito, feito quarta-feira de cinzas. Choveu tanto que até abriram umas goteiras dentro de mim. Mas sabe o que é? Tudo bem. A vida só pode ficar leve se ela já foi pesada em algum momento. Eu até aprendi a tomar as porradas do universo sem querer correr para colos familiares. Tô nessa selva e fui ser logo um escorpião cansado de terras rachadas e com sede. 

Ia soltar aquelas minhas piadinhas que mais são queixas da vida, mas convenhamos, já tomei tombos maiores e posso ficar de boa nesse meu planeta meio salmão. Também posso colocar minhas bandas favoritas para tocar e dançar junto com as notas que vagam pelo quarto e pedem pra conhecer aos poucos o resto da casa. 

(Foi legal brincar de astronauta. Sempre gostei de estrelas e o satélite que mora no meu céu é a minha coisa favorita. Foi bom escorregar os dedos pelas bordas de uma imensidão e me conectar a outros mundos. Mas chega de brincar de flutuar. Os anéis do meu planeta precisam de um reparo pra brilhar amarelo, feito um new beetle correndo rápido, deixando um rastro de poeira cósmica da cor que a minha alma tem).

3 comentários:

  1. Suas palavras <3
    Beijos

    http://www.cherryacessorioseafins.com.br/

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  2. Ah que texto mais lindo!
    Me chamou a atenção justamente por amar o céu e toda sua imensidão!
    É algo lindo de se ver, gosto de ver o céu desde minha infância!
    Não conhecia seu blog ainda, mas adorei!

    www.memoriasdeumaguerreira.blogspot.com

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